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Arte e Cultura

Hit viral de Chico César no 'BBB 21' faz parte de grande álbum de 2008



Composição de Chico César, lançada pelo artista em 2008 em gravação feita na cadência do xote com a voz e a sanfona de Dominguinhos (1941 – 2013), Deus me proteja chegou ao topo da lista das gravações virais, ou seja, aquelas que estão sendo propagadas em maior velocidade nos players digitais.

O efeito viral é consequência de a música ter ganhado massiva exposição nacional ao ser cantada por Juliette no BBB 21. Compositor que vem produzindo canções de forma compulsiva no período de isolamento social, Chico César merece a exposição, pela qual externou publicamente gratidão a Juliette em rede social.

E, em mundo ideal, seria ótimo se o público descobrisse, além da música, o excelente e pouco ouvido álbum em que o xote Deus me proteja foi lançado. Trata-se de Francisco, forró y frevo, álbum lançado em junho de 2008 pelo selo de Chico César, Chita Discos, com distribuição da EMI Music.

Disponibilizado em edição digital neste mês de fevereiro de 2020, o álbum tem produção musical assinada por BiD com o próprio Chico César. Mario Caldato Jr. se encarregou da mixagem das 14 faixas.

Capa do álbum 'Francisco, forró y frevo', de Chico César

Reprodução

Em Francisco, forró y frevo, Chico César encadeou 16 músicas no repertório inteiramente autoral. Inspirado, esse repertório transitou pelos frevos e pelos gêneros musicais nordestinos – sobretudo baião e xote – agrupados genericamente sob o rótulo de forró.

O toque de modernidade ficou por conta da produção BiD, que, fazendo bom e moderado uso dos recursos eletrônicos, incrementou os frevos e forrós de Chico César sem apagar a matriz popular dos gêneros. O ar contemporâneo do álbum saltou aos ouvidos já na música que abria o CD, Girassol, frevo envenenado com as guitarras de Fernando Catatau.

Outro frevo, Pelado, encerrou o álbum com o revestimento do toque da guitarra baiana de Armandinho Macedo em participação sutilmente irônica pelo fato de, na letra espirituosa deste frevo à moda baiana, Chico César fazer crítica à industrialização do Carnaval de Salvador (BA), responsável pelos altos preços dos abadás que permitem ao público ir atrás dos trios elétricos na frente dos mais pobres.

A propósito, Armadinho marcou dupla presença no disco por ter sido homenageado no elétrico frevo Armando.

Sem perder o tom festivo, o álbum Francisco, forró y frevo expôs o ativismo de Chico César, evidenciado pela polarização política dos últimos anos. Na pisada do baião, o cantor recorreu à metáfora em Abaeté, abaiacu e namorado para denunciar os crimes praticados contra homossexuais na Lagoa do Abaeté, ponto de encontros gays em Salvador (BA).

Com a adesão vocal de Seu Jorge no xote Dentro, cuja letra evocou a poética de Arnaldo Antunes, o disco escancarou a afinidade rítmica entre o xote e o reggae em músicas como Comer na mão, Feriado e Ociosa.

Com a vivência nordestina, o artista paraibano também acertou o passo do frevo à moda pernambucana, seguido em Humanequim e em Solto na buraqueira, faixas bafejadas pelo sopro quente dos metais.

Referencial cantor de frevos, o recifense Claudionor Germano – ainda em atividade em 2021, aos 88 anos – avalizou a folia de Chico César, pondo voz no medley que agregou a Marcha da calcinha e a Marcha da cueca.

Enfim, há muito o que descobrir em Francisco, forró y frevo – grande álbum de Chico César, mais reverenciado pelos críticos do que pelo público – além da música propagada na voz de Juliette no BBB 21.

G1

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