Hit viral de Chico César no 'BBB 21' faz parte de grande álbum de 2008

Por Redação Achado Top em 18/02/2021 às 10:36:05

Composição de Chico César, lançada pelo artista em 2008 em gravação feita na cadência do xote com a voz e a sanfona de Dominguinhos (1941 – 2013), Deus me proteja chegou ao topo da lista das gravações virais, ou seja, aquelas que estão sendo propagadas em maior velocidade nos players digitais.

O efeito viral é consequência de a música ter ganhado massiva exposição nacional ao ser cantada por Juliette no BBB 21. Compositor que vem produzindo canções de forma compulsiva no período de isolamento social, Chico César merece a exposição, pela qual externou publicamente gratidão a Juliette em rede social.

E, em mundo ideal, seria ótimo se o público descobrisse, além da música, o excelente e pouco ouvido álbum em que o xote Deus me proteja foi lançado. Trata-se de Francisco, forró y frevo, álbum lançado em junho de 2008 pelo selo de Chico César, Chita Discos, com distribuição da EMI Music.

Disponibilizado em edição digital neste mês de fevereiro de 2020, o álbum tem produção musical assinada por BiD com o próprio Chico César. Mario Caldato Jr. se encarregou da mixagem das 14 faixas.

Capa do álbum 'Francisco, forró y frevo', de Chico César

Reprodução

Em Francisco, forró y frevo, Chico César encadeou 16 músicas no repertório inteiramente autoral. Inspirado, esse repertório transitou pelos frevos e pelos gêneros musicais nordestinos – sobretudo baião e xote – agrupados genericamente sob o rótulo de forró.

O toque de modernidade ficou por conta da produção BiD, que, fazendo bom e moderado uso dos recursos eletrônicos, incrementou os frevos e forrós de Chico César sem apagar a matriz popular dos gêneros. O ar contemporâneo do álbum saltou aos ouvidos já na música que abria o CD, Girassol, frevo envenenado com as guitarras de Fernando Catatau.

Outro frevo, Pelado, encerrou o álbum com o revestimento do toque da guitarra baiana de Armandinho Macedo em participação sutilmente irônica pelo fato de, na letra espirituosa deste frevo à moda baiana, Chico César fazer crítica à industrialização do Carnaval de Salvador (BA), responsável pelos altos preços dos abadás que permitem ao público ir atrás dos trios elétricos na frente dos mais pobres.

A propósito, Armadinho marcou dupla presença no disco por ter sido homenageado no elétrico frevo Armando.

Sem perder o tom festivo, o álbum Francisco, forró y frevo expôs o ativismo de Chico César, evidenciado pela polarização política dos últimos anos. Na pisada do baião, o cantor recorreu à metáfora em Abaeté, abaiacu e namorado para denunciar os crimes praticados contra homossexuais na Lagoa do Abaeté, ponto de encontros gays em Salvador (BA).

Com a adesão vocal de Seu Jorge no xote Dentro, cuja letra evocou a poética de Arnaldo Antunes, o disco escancarou a afinidade rítmica entre o xote e o reggae em músicas como Comer na mão, Feriado e Ociosa.

Com a vivência nordestina, o artista paraibano também acertou o passo do frevo à moda pernambucana, seguido em Humanequim e em Solto na buraqueira, faixas bafejadas pelo sopro quente dos metais.

Referencial cantor de frevos, o recifense Claudionor Germano – ainda em atividade em 2021, aos 88 anos – avalizou a folia de Chico César, pondo voz no medley que agregou a Marcha da calcinha e a Marcha da cueca.

Enfim, há muito o que descobrir em Francisco, forró y frevo – grande álbum de Chico César, mais reverenciado pelos críticos do que pelo público – além da música propagada na voz de Juliette no BBB 21.

Fonte: G1

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