No Lixão de Caxias no Maranhão encontro Alex. Paulista nascido e criado no Brooklyn, que se apresenta como cozinheiro. Ele conta que era pizzaiolo, sushiman e churrasqueiro, que trabalhou na Pizzahut e na Texas Grill. Fez inúmeros cursos no SENAC e começou sua vida profissional aos 16 anos de idade.
No início é difícil acreditar em sua história. Preciso provocar. Pergunto quais pratos Alex gostava de preparar e que tipos de corte ele fazia nas carnes que preparava. Ele começa:
“Taco mexicano, paella espanhola feita no tacho de barro, sei fazer cortes de carne entrelaçado, corte diagonal, corte borboleta espetando e atravessando, o entrelaçado é pra não tirar o perfil e nem o sabor da carne, eu selo a carne, boto em caldeira quente, gosto de fazer molho com redução de carne, barbecue, molho french, de yogurt natural, molho de tomate seco com tomilho e ervas finas. Na culinária japonesa eu sei fazer uramaki, hot roll, frango poke, sushi, sashimi, também sei fazer o yakissoba que é o macarrão chinês…”
Quando ele para de falar engulo em seco. Abaixo a câmera e pergunto o que aconteceu pra ele estar ali.


“Eu vim morar com minha esposa aqui e fiquei desempregado. Nada mais deu certo. Agora eu moro numa casa de taipa forrada com palha de côco. Não temos energia elétrica e nem geladeira, mas morro de saudade de cozinhar.”
O cozinheiro sente fome. Sente calor e sente vergonha. Eu, desolado, sinto muito. Sinto que perdemos como sociedade e como humanidade.

Fonte: Publica