Mas a primeira pioneira é e será sempre ela, a carioca Francisca Edwiges Neves Gonzaga (17 de outubro de 1947 – 28 de fevereiro de 1935), a popular Chiquinha Gonzaga, nome que deve ser sempre louvado, sobretudo em 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Compositora. Pianista. Maestrina. Regente. Chiquinha abriu alas e pediu passagem no século XIX com múltiplos talentos musicais. Foi a primeira mulher a reger uma orquestra em ambiente musical historicamente masculino. Foi a primeira compositora a emplacar um sucesso popular, a marcha Ô abre alas (1899), cantada nas ruas do Brasil antes de alcançar gerações de foliões no século XX. Foi a primeira pianista de choro, gênero que ajudou a difundir, mesmo quando o choro podia ser somente uma forma mais sentimental de tocar polcas e valsas europeias. Compositora desde os 11 anos, idade em que deu forma à natalina Canção dos pastores, Chiquinha Gonzaga deixou obra ainda pouco conhecida pelo público brasileiro, com exceções da marcha Ô abre alas e da modinha Lua branca, composta pela maestrina em 1911 para a burleta Forrobodó (1912), encenada no ano seguinte (a modinha passou para a posteridade com a letra lírica e dolente de autor desconhecido). A primeira música oficial da artista, a polca Atraente, somente foi editada em 1877, quando a compositora tinha 30 anos e já estava separada do marido controlador, em outra ação que reiterou a habilidade de Chiquinha Gonzaga para abrir alas na sociedade machista. Contabilizando cerca de duas mil músicas de gêneros musicais como valsas, polcas, tangos, choros, lundus, maxixes e até fados, a obra de Chiquinha Gonzaga é exemplo da obstinação dessa artista pioneira que driblou preconceitos na música e na vida até ser consagrada pelo povo e pelos historiadores.
G1