Quase metade dos ônibus fiscalizados em operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) até as 15h deste domingo estavam em estados do Nordeste, região onde o Jair Bolsonaro perdeu para Luiz Inácio Lula da Silva em todos os estados. Segundo levantamento exclusivo da Agência Pública a partir de dados internos da PRF, foram 274 veículos fiscalizados em estados nordestinos, o que representa 48% de um total de 560 ônibus fiscalizados pela corporação em todo o país até o horário.
No Sul, foram fiscalizados 48 ônibus. Todos os estados da região deram vitória para Jair Bolsonaro no 1º turno.
O número de ônibus fiscalizados pela PRF é 88% maior que no 1º turno. Segundo os dados, policiais fiscalizaram 297 ônibus entre os dias 1 e 2 de outubro.
Alagoas é o estado com a maior quantidade de veículos fiscalizados: 85. Por lá, o candidato Lula (PT) teve 56,5% dos votos válidos no 1º turno, contra 36,05% de Bolsonaro (PL).
Em segundo lugar na quantidade de veículos parados está o Mato Grosso do Sul, com 69. No estado, foi Bolsonaro quem terminou à frente no 1º turno, com 52,7% dos votos válidos contra 39,04% de Lula.
Depois do Mato Grosso do Sul, em 3º, 4º e 5º lugares respectivamente estão apenas estados onde Lula terminou à frente de Bolsonaro no 1º turno: Maranhão , com 58 ônibus parados; Pará, com 46; e Sergipe, com 45.
Dentre os municípios nos quais foi listada a quantidade de ônibus fiscalizados, o campeão é Nossa Senhora do Socorro, em Sergipe. Por lá, a PRF teria fiscalizado 40 veículos neste domingo, através da operação Eleições 2022. A cidade teve 54,67% de votos válidos para Lula, contra 36,73% para Bolsonaro, no 1º turno.
Diretor da PRF declarou apoio a Bolsonaro antes da votação
O diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, fez uma publicação em suas redes sociais ontem pedindo votos para o presidente Bolsonaro, conforme revelado pelo Jornal O Globo. A mensagem publicada no story do Instagram, apagada no início da tarde deste domingo, trazia uma bandeira do Brasil com os dizeres: “vote 22, Bolsonaro presidente”.
Ele foi convocado pelo ministro Alexandre de Moraes na tarde de hoje para prestar esclarecimentos sobre as operações. Decisão do tribunal publicada ontem havia proibido, até o fim do segundo turno, qualquer operação da PRF relacionada ao transporte público, gratuito ou não, disponibilizada às eleitoras e eleitores.
Após se reunir com o diretor-geral da PRF, Moraes disse durante coletiva de imprensa que as operações foram realizadas com base no Código de Trânsito Brasileiro. “As operações realizadas, e foram inúmeras operações realizadas, foram, segundo o diretor da PRF […], realizadas com base no Código de Trânsito Brasileiro. Ou seja: um ônibus com pneu careca, com farol quebrado, sem condições de rodar era abordado, e era feita a autuação”, afirmou.
Moraes disse ainda que as operações não impediram o trajeto dos ônibus até a seção eleitoral e que os eleitores que estavam sendo transportados nos veículos abordados puderam votar embora com atraso.
“Esses ônibus, em nenhum momento, retornaram à origem. Ou seja, eles prosseguiram até o destino final e os eleitores que estavam sendo transportados votaram”.
O ministro, ressaltou, no entanto, que solicitou informações detalhadas à PRF e que irá apurar caso a caso. “Se houve desvio de finalidade e se houve abuso de poder, no âmbito do TSE isso é crime eleitoral e no âmbito da justiça comum nós enviaremos para que sejam responsabilizados seja por ato de improbidade administrativa seja por crime comum”.
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