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'Não podemos colocar em palavras a dor de nos tornarmos objeto de ódio e violência por tal motivo', afirmou a banda de K-pop em comunicado. BTS no tapete vermelho do Grammy 2020AMY SUSSMAN / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFPO grupo BTS se pronunciou contra os milhares de ataques a asiáticos que vem ocorrendo durante a pandemia nos Estados Unidos. "Enviamos nossas mais profundas condolências àqueles que perderam seus entes queridos. Sentimos tristeza e raiva", começa o comunicado publicado no Twitter da banda de K-pop nesta terça. "Nós nos lembramos de momentos em que enfrentamos discriminação como asiáticos. Já suportamos palavrões sem motivo e fomos ridicularizados por nossa aparência. Até nos perguntaram por que os asiáticos falavam em inglês"."Não podemos colocar em palavras a dor de nos tornarmos objeto de ódio e violência por tal motivo."A banda pontua que as experiências que viveram são "irrelevantes" comparado ao que tem acontecido no último ano, mas foram suficientes para que os artistas se sentissem impotentes e com a autoestima destruída. "O que está acontecendo agora não pode ser dissociado de nossa identidade como asiáticos. Demorou muito para discutirmos isso com cuidado e refletimos profundamente sobre como devemos expressar nossa mensagem, mas o que queremos transmitir é claro: somos contra a discriminação racial e condenamos a violência". Ataques nos Estados Unidos Manifestantes participam de marcha contra violência a asiáticos em Chinatown, em Seattle, Washington, no dia 13 de marçoDavid Ryder/Getty Images/AFP Asiáticos que vivem ou estão nos Estados Unidos têm sido vítimas de milhares de ataques discriminatórios, muitas vezes não apenas verbais, mas também físicos, desde o início da pandemia de Covid-19, há um ano.Em diversos casos, os agressores os acusam de serem responsáveis pela disseminação do coronavírus. Em situações mais graves, há exemplos de pessoas que apanharam nas ruas ou até o de manifestantes que foram atropelados propositalmente em Elk Grove, na Califórnia.No dia 16 de março, ataques a três casas de massagem no estado da Geórgia causaram a morte de oito pessoas. Seis eram mulheres de origem asiáticas e o fato chamou atenção de organizações que registram ataques contra essa população. Segundo a polícia, porém, o suspeito pelos crimes alega que sua motivação não foi racista, e que ele seria um viciado em sexo que escolheu o local por seus distúrbios sexuais.'Stop Asian Hate'Manifestantes participam de marcha contra violência a asiáticos em Chinatown, em Seattle, Washington, no dia 13 de marçoDavid Ryder/Getty Images/AFP Um centro criado especialmente para registrar incidentes de ódio, violência, assédio, discriminação e intimidação infantil contra essas pessoas, o Stop AAPI Hate, recebeu 3.795 relatos desde sua criação, em 19 de março de 2020, até o dia 28 de fevereiro deste ano. Desse total, 503 aconteceram apenas em 2021.Isso, porém, representa apenas uma fração do número real de casos, já que a grande maioria das vítimas não reporta as situações a que é submetida, segundo seus criadores, membros do Conselho de Planejamento e Política do Pacífico Asiático, do Chineses para Ação Afirmativa e do Departamento de Estudos Asiático-Americanos da Universidade Estadual de São Francisco.Em um relatório divulgado na terça-feira, o Stop AAPI Hate revela que as denúncias partiram de todos os 50 estados e do distrito de Columbia, e que as mulheres estão 2.3 vezes mais sujeitas a serem vítimas do que os homens.A hashtag "Stop Asian Hate" tem movimentado as redes sociais por pessoas que pedem o fim do racismo e perseguição aos asiáticos e também foi usada pelo grupo de K-pop.