Fóssil de dinossauro de 75 milhões pode mostrar caminhos da evolução dos lagartos gigantes

Por Ricardo Albuquerque em 20/09/2024 às 23:36:24

Identificado dentro do acervo de mais de 12 mil fósseis, recolhidos a partir de 2007 no sítio de Lo Hueco, na região de Cuenca, na Espanha o material de Qunkasaura pintiquiniestra se destacou por ser um dos esqueletos de saurópode mais completos da Europa. O fóssil inclui vértebras cervicais, dorsais e caudais, parte da cintura pélvica e elementos dos membros.

A equipe de pesquisadores liderada pelo paleontólogo Pedro Mocho, da Universidade de Lisboa, em Portugal, identificou a nova espécie de dinossauro que viveu há 75 milhões de anos, durante o período Cretáceo Superior. Com morfologia única, especialmente nas vértebras da cauda, oferece novas perspectivas sobre os dinossauros não-avianos da Península Ibérica, um grupo historicamente pouco compreendido.

- O estudo deste novo exemplar permitiu-nos identificar pela primeira vez a presença de duas linhagens distintas de estudo

saltassauroidesna mesma localidade fóssil. Lado a lado, foram encontrados registros de uma família relativamente conhecida na região ibérica, Lirainosaurinae, que tem como principal característica os seus animais de pequeno e médio porte, e os Qunkasaura sp., com répteis de médio e grande porte, algo raro na Europa – destaca o professor Mocho, da Universidade de Portugal.

Os dinossauros Lirainosaurinae parecem ter evoluído de um ecossistema insular (composto por ilhas), o que faz sentido para a região, uma vez que a Europa era um enorme arquipélago há milênios. Já a linhagem dos novos saurópodes Qunkasaura sp. parece ter se originado nesses espaços muitos anos depois, possivelmente provenientes de migrações.

- Por isso nossa pesquisa propõe que Qunkasaura sp. seja classificado como um gênero pertencente ao grupo dos saltassauroides opisthocoelicaudinos, pois esses, tipicamente, estão associados ao antigo supercontinente Laurásia, no Hemisfério Norte, porém acreditamos que faz mais sentido a criação de um novo grupo chamado Lohuecosauria, que inclui os representantes das duas linhagens e podem ter tido sua origem no Hemisfério Sul, no supercontinente Godwana, antes de se dispersarem pelo globo. Felizmente a jazida de Lo Hueco preserva vários outros esqueletos de dinossauros saurópodes e novas espécies podem aparecer, o que pode nos ajudar a completar a lacuna sobre como estes animais evoluíram - conclui Pedro Mocho.

Fonte: revista científica Communications Biology.


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