Veja a letra de 'Muito além do jardim', título até então desconhecido da parceria aberta em 1984 pelos compositores cariocas. Moacyr Luz e Aldir Blanc (1946 – 2020) nos anos 1980, década em que viraram parceiros
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? Iniciada em 1984, a parceria de Moacyr Luz com Aldir Blanc (2 de setembro de 1946 – 4 de maio de 2020) ainda gera flores além da vida terrena do poeta que se calou há um ano.
Música inédita da lavra refinada dos compositores cariocas, Muito além do jardim é uma das novidades do álbum que o cantor carioca Augusto Martins grava na cidade do Rio de Janeiro (RJ) com o pianista Paulo Malaguti Pauleira, integrante da atual formação do grupo MPB4. O disco se chama Como canções e epidemias.
O título Como canções e epidemias reproduz um dos versos finais da letra da música Caça à raposa (João Bosco e Aldir Blanc, 1975), uma das faixas já finalizadas do disco gravado por Martins e Pauleira no estúdio carioca batizado de Laranjeira Records. A gravação de Caça à raposa, aliás, já será apresentada em single programado para 16 de abril.
Augusto Martins e Paulo Malaguti Pauleira em estúdio na gravação do álbum dedicado ao cancioneiro de Aldir Blanc
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O repertório do álbum Como canções e epidemias inclui músicas pouco conhecidas como Odalisca (Guinga e Aldir Blanc, 1991), Ave rara (Edu Lobo e Aldir Blanc, 1993), Filho de Núbia e Nilo (Moacyr Luz e Aldir Blanc, 1995) – composição gravada por Martins e Pauleira com a adesão do cantor Zé Renato – e Vale a pena ouvir de novo (Sombra e Aldir Blanc, 2003).
O disco também abarca a gravação de Altos e baixos (Sueli Costa e Aldir Blanc, 1979), feita pelo cantor com o pianista entre 2005 e 2006.
Encontrado recentemente, o registro de Altos e baixos já foi lançado em 2020 em single que anunciou a feitura do álbum devotado por Augusto Martins e Paulo Malaguti Pauleira ao cancioneiro do compositor Aldir Blanc, “bardo da Muda”, bravo poeta da música brasileira.
? Eis a letra melancólica de Muito além do jardim, parceria inédita de Moacyr Luz e Aldir Blanc:
"Que maravilha a buganvília
E o calmo dela no verão...
As flores tantas vêm dizer
Que choram por mim...
Ai, o meu passado um vento mau despetalou...
Ai, o meu futuro, quem levou?
Ai...
Cresce a lembrança no meu coração
Feito a buganvília, ela cresce sem parar
Não é bem saudade porque jamais deixou de ser
O tempo vivo em mim, ai...
Já não existe o velho casarão
Mas a buganvília, essa cresce sem parar
E chora por mim lembrando de alguém
Na casa ao lado
Que foi o meu grande amor
Já não existe o velho casarão
Mas a buganvília, essa cresce sem parar
E chora por mim lembrando de alguém
Na casa ao lado
Que foi o meu grande amor
A sempre-noiva
A sanguinária
Que eu plantei e não vingou"