Você observa ou sente-se constrangido no seu trabalho em algumas situações? Então saiba que humilhações, ofensas verbais, intimidação e hostilidades camufladas ou mesmo explícitas caracterizam assédio moral ou bullying. Se durante o exercício de sua função o indivíduo é sabotado, ameaçado e hostilizado isso se configura em terror psicológico. E o pior, segundo a Dra. Renata Bento, há elementos que usam isso como estratégia para tornar estas atitudes como parte da rotina profissional
- Muitas vezes o agressor consegue convencer a vítima de que suas atitudes servem para torná-la mais preparado para o trabalho. O agressor deturpa a relação e leva a vítima a crer que se ela se sente mal é porque não é suficientemente forte, capaz e boa profissional. Esse movimento cria uma dependência pelo agressor, pois a vítima acredita que ele possa ajudá-la a desenvolver habilidades que ela desconfia não ter – explica a Psicanalista e Psicóloga Renata Bento, assistente técnica em processo judicial
Segundo a médica os principais distúrbios emocionais encontrados em vítimas do assédio moral são a depressão, a ansiedade que pode levar a crises de pânico, burnout, distúrbios alimentares e do sono, alcoolismo, e até mesmo, em situações mais graves, ao suicídio
O assédio moral afronta a dignidade e escoa a integridade psicológica da vítima deixando-a com alto grau de ansiedade e medo, é o que destaca a psicanalista. Ela observa que a relação passa a ser permeada pela angústia, assim o rendimento no trabalho tende a diminuir. Desta forma as sucessivas agressões psicológicas podem funcionar como gatilho para diversos distúrbios emocionais e psiquiátricos; aos poucos destrói sua capacidade de trabalho e resistência psicológica; afeta, além, do ambiente de trabalho, as relações sociais e familiares. E a Dra. Renata continua.
- Este desgaste emocional, e, consequente diminuição da capacidade laboral, pode levar ao rompimento da relação de trabalho. Junta-se ao medo de perder o emprego, o receio de represálias, ou que o agressor crie caminhos para a vítima ser demitida por justa causa. Além disso, observa-se que a vítima se sente emocionalmente aprisionada ao agressor chegando até a duvidar de suas qualidades. Situações como essas lamentavelmente podem acontecer e claro que não se tratam de algo normal. Por isso as pessoas precisam ser informadas e alertadas através de mecanismos de comunicação criados pelas empresas – enfatiza a Dra Renata Bento
As empresas devem adotar formas de coibir o assédio por meio de campanhas educativas e informativas
Uma saída para a vítima, ao identificar que está sendo vítima de assédio, segundo a psicóloga, é buscar criar mecanismos de autoproteção, já que o agressor vai se utilizar da fragilidade e da vulnerabilidade emocional para se beneficiar. O apoio psicológico é fundamental para que se possa fortalecer a autoestima e não se deixar abater pelos ataques, ou ajudar a sair desse círculo vicioso. A pessoa fortalecida emocionalmente não entra nesse jogo adoecido, ou se entra, sai rapidamente, “mas infelizmente a legislação brasileira ainda se mostra insipiente quanto aos critérios que possam configurar o assédio e suas consequências” – critica a Psicanalista.
Assim Renata Bento lembra que profissionais passam muito tempo em seu local de trabalho ou em função dele, ou seja, o trabalho é fundamental na vida de uma pessoa. E as sequelas emocionais causadas pelo assédio moral podem incapacitar parcial ou até plenamente. Portanto proporcionar um ambiente saudável, com postura mais humana, contribuirá no aumento do bem-estar e poderá ajudar no aumento da produtividade.
- É importante que as empresas adotem formas de coibir o assédio, seja por parte dos superiores hierárquicos, ou de seus pares por meio de políticas preventivas, campanhas educativas e informativas, a fim de promover bem-estar e saúde ao trabalhador. Diante das consequências desastrosas do assédio que podem trazer adoecimento a vítima, a empresa será responsabilizada e poderá até arcar com o ônus de um processo judicial com pagamento indenizatório por danos morais – alerta a Dra. Renata Bento, Membro associado da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro. Membro da International Psychoanalytical Association – UK. Membro da Federación Psicoanalítica de América Latina – Fepal. Especialização em Psicologia clínica com criança PUC-RJ. Perita ad hoc do TJ/Rj – RJ. Assistente técnica em processo judicial